III – Fundamentação Teórica:
O clima influencia o homem de diversas maneiras, e o homem influencia o clima através de suas várias atividades. Até recentemente a ênfase maior residia no controle que o clima exercia sobre o homem e suas atividades. Com o aumento populacional e o aumento das capacidades tecnológicas/científicas da humanidade, percebeu-se que o homem pode influenciar e de fato tem influenciado o clima, apesar dessa ação, ser feita principalmente numa escala mundial, nacional e local. No entanto, nota-se que uma poluição emitida no ambiente em um determinado lugar, ira afetar, por exemplo, as geleiras no Pólo Norte.
Segundo Ayoade (2002), o clima talvez seja o mais importante componente do ambiente natural, pois ele afeta os processos geomorfológicos, da formação dos solos e até o crescimento e desenvolvimento das plantas. Além disso, contribuiu para as principais bases para a vida da humanidade, como a água originada da precipitação, o ar que respiramos obtido na atmosfera e o alimento que tem sua origem na fotossíntese.
Por esta razão, os efeitos maléficos, tais como enchentes, secas, tempestades, vendavais, devem ser controlados antes de serem vistos como fatos inevitáveis. O planejamento dos recursos climáticos envolve o uso racional dos efeitos benéficos do tempo e do clima e a prevenção, eliminação e minimização dos efeitos maléficos.
Diante do exposto acima, sustenta Vianello (1991, p.268) que:
Para a consecução dos estudos diagnósticos e prognósticos da atmosfera, tornam-se indispensáveis a instalação e a operação de um sistema global de observações meteorológicas. Tal sistema, de modo ideal, deverá estar apto a promover a exploração global da atmosfera, tanto a superfície quanto nos níveis superiores, além de realizar medições em intervalos de tempo suficientemente curtos para permitir o monitoramento da origem e do desenvolvimento dos fenômenos meteorológicos. Pelas dimensões e heterogeneidade do Globo Terrestre, logo se percebe o alto grau de dificuldades que tal tarefa envolve. Por outro lado, monitorar e prever o tempo e uma necessidade vital para o homem.
A meteorologia não é uma ciência nova, ela existe desde os primórdios da humanidade, mas tal ciência só teve um cunho científico quando se iniciaram os primeiros estudos nesse campo, os quais foram desenvolvidos pelos filósofos, tendo como precursor Aristóteles, que a partir de suas análises dos ventos, da chuva, do raio, do trovão e do orvalho, escreveu um livro intitulado Meteorologia, que significava “conhecimento das coisas acima de Terra”. Mais adiante, no período Renascentista, Leonardo da Vinci inventou um dos primeiros instrumentos, um tipo simples de higrômetro, que se tratava basicamente de uma balancinha de dois pratos, havendo um deles um chumaço de algodão e, no outro, um objeto qualquer que mantinha o equilíbrio. A medida que o algodão absorvia a umidade do ar, tornava-se mais pesado e desequilibrava a balança. Por conseguinte Galileu inventa o primeiro termômetro, através da observação de que quente e frio eram muito relativos, variando de pessoa para pessoa. Nessa mesma época, Torricele, discípulo de Galileu, cria o barômetro, no intuito de medir a pressão atmosférica. Em seguida Francis Beaufort, um marinheiro, estuda o vento, através do efeito que o mesmo causava nas velas de seu barco, foi assim que criou uma escala chamada “escala de Beauford”, a qual é utilizada até os tempos atuais. Nesse mesmo período, um americano chamado Espy, estudou a chuva e as tempestades, a partir de suas observações e de outros dados obtidos através de uma carta circular enviada a pessoas de diversas partes do país. Provavelmente tenha sido ele o primeiro a montar uma estação meteorológica no quintal de sua casa
A estação meteorológica é uma ferramenta de suma importância para o aprendizado do estudante na sua prática, pois através dos seus aparelhos pode-se conseguir as informações em termos de temperatura, chuvas, pressão atmosférica e outros dados importantes para o monitoramento e previsão do tempo na Zona Oeste de Natal. Sendo a Estação um observatório de superfície convencional, onde terá um observador que será o responsável pela coleta desses dados. No caso, do Francisco Ivo será um grupo de alunos que farão essa observação. As informações coletadas serão utilizadas na caracterização climática da Zona Oeste de Natal, bem como propiciará um comparativo em relação às demais áreas da cidade, haja vista, o fenômeno da “ilha de calor” ocasionado pelo processo de verticalização da cidade, sobretudo nas áreas onde circulam maior poder aquisitivos, pois mediante a especulação imobiliária dessa região constantemente se proliferam grandes arranha-céus.
O Laboratório de Geoastronomia e a Mini Estação Meteorológica serão instalados na Escola Estadual Professor Francisco Ivo Cavalcanti (Figura 2), em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN e o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência – PIBID, sendo assim, a expectativa de inserção dessa ferramenta na formação de estudantes e professores no ensino de astronomia encontra-se pautada na vontade de superar dificuldades com relação aos conteúdos e sua vivência na prática, através de uma linguagem acessível, que tornarão o planejamento das atividades mais simples e com resultados mais positivos.
Segundo Sneider (1995) e Tem (1984) o estudo da astronomia vem tentando levar para a prática docente uma proposta para o ensino que sugere que os estudantes descubram os conceitos astronômicos por eles mesmos, utilizando-se principalmente de atividades práticas e simples, mas sempre levando em consideração suas próprias idéias e pensamentos a respeito do assunto que está sendo estudado. Isto está em conformidade com a proposta de ensino de Gil Perez (1999).
Nesse contexto, que se constitui a proposta, de propiciar ao estudante essa aproximação com um fator de importância imensurável para vida na Terra – o clima. Além disso, de instigar a pesquisa para que esses estudantes de nível médio, futuros graduados não sejam alvo do que analisou as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ministério da Educação, onde indicam que um dos problemas a ser enfrentado nos cursos de graduação se refere ao tratamento dispensado à pesquisa.